Tabagismo e seus efeitos na cirurgia plástica

Tabagismo e seus efeitos na cirurgia plástica

O tabagismo tem um efeito muito negativo na recuperação de uma cirurgia plástica. O fumo do cigarro contem cerca de 4000 químicos identificados, sendo que destes, 250 são prejudiciais à saúde. 

A nicotina tem um efeito nefasto sobre o processo cicatricial, uma vez que é um potente vasoconstritor e condiciona um desequilibro da coagulação a favor de fenómenos trombóticos.

O monóxido de carbono é um gás que corresponde a cerca de 4% do fumo do cigarro e reduz significativamente a oxigenação dos tecidos.

O cianeto de hidrogénio é altamente tóxico, interfere com a capacidade de reparação celular e com o processo cicatricial

O oxido nítrico aumenta a absorção de nicótica a nível pulmonar e contribui para a vasoconstrição generalizada dos pequenos vasos.

É um dado adquirido, baseado na evidência científica, que o tabagismo afeta negativamente a cicatrização, aumentando o risco de complicações no período pós operatório imediato.

No âmbito da cirurgia plástica, sabe-se que o risco infeção da ferida operatória e concomitante atraso na cicatrização é duas a três vezes superior num paciente que fuma.

O impacto do tabagismo nas principais intervenções do foro da cirurgia plástica traduz-se no seguinte :

No face lift, pela necessidade de grande descolamento de pele da face, é uma cirurgia de risco se o tabaco não for suspenso.

A taxa de complicações chega aos 20% comparativamente ao risco de 2 a 5% nos não fumadores;

Na abdominoplastia, que é uma das cirurgias mais relevantes na área da cirurgia estética, a taxa de complicações ronda os 45% – deiscência de sutura e necrose do tecido.

Na redução mamária é outra intervenção muito comum, sobretudo no âmbito funcional/reconstrutivo também esta associada a elevada percentagem de complicações quando o tabagismo esta presente: 35 a 40% de complicações (dificuldade de cicatrização, infeção) comparativamente aos 12 a 17% dos não fumadores. A correlação com o tabagismo, mostrou ser dose dependente, i.e., quando maior o nível de nicotina, maior o atraso no processo cicatricial e maior o risco de infeção.

Reconstrução mamária: neste âmbito, o maior impacto do tabagismo verifica-se na reconstrução com expansor/implante mamário. A reconstrução com tecidos da própria doente é menos sensível a este problema.

Microcirurgia – é mais que reconhecido o papel nefasto do tabaco nas áreas dadoras da reconstrução microcirúrgica. Felizmente, a transferência de tecido não é significativamente afetada pelo tabagismo, pelo menos de forma idêntica à cicatrização da área onde foi retirado esse tecido.

Reimplantação – sucesso no reimplante/revascularização digital não é significativamente afetada pelos hábitos tabágicos, porem, a intolerância ao frio, alterações da sensibilidade e dor cronica têm muito mais probabilidade de ocorrer nos fumadores. A taxa de amputação tardia, na sequencia destas alterações é muito elevada: 31 a 64%.

A cessação tabágica é crucial em grande parte dos procedimentos reconstrutivos e estéticos no âmbito especifico da cirurgia plástica.

Para tal, além da motivação individual, estes pacientes devem ser encorajados e acompanhados em consulta médica com lugar ou não há realização de terapêutica médica complementar.

Um artigo da médica Ana Silva Guerra, especialista em Cirurgia Plástica e Reconstrutiva.

Fonte:https://lifestyle.sapo.pt/moda-e-beleza/corpo-e-estetica/artigos/os-efeitos-do-tabaco-na-cirurgia-plastica