Os caminhos da ansiedade (Cont.)

Os caminhos da ansiedade (Cont.)

Se bem se recorda tínhamos ficado em dar a resposta à seguinte pergunta:

Porque é que em alguns casos, a ansiedade escolhe a via física (do corpo) ou a corporalidade (corpo interno, o Intra corpo ou o corpo vivido) e, noutros, a direção psíquica ou os mecanismos de defesa anómalos?

A resposta terá de ser procurada nestas secções:

a. Quando a personalidade é mais forte, geralmente a ansiedade encaminha-se para o corpo;

b. Também se esse sujeito é narcisista, inseguro e teve, ao longo da sua vida, aprendizagens próximas do tipo apreensivo (viver com uma pessoa doente durante muito tempo; ter estado próximo de uma pessoa inquieta, hipocondríaca, que andou sempre a consultar médicos, a falar de doenças, análises, etc.; numa palavra, que aprendeu a viver a observar-se fisicamente e que, com o passar do tempo, não consegue libertar-se da tendência para estar sempre atento a sintomas, sensações, doenças, etc.,; ter desde pequeno, sofrido de alguma doença, que o pôs em contacto com a medicina e daí ter sido iniciado nesse percurso hipocondríaco);

c. A ansiedade escolhe o pleno psíquico quando a personalidade é mais fraca e/ou a ansiedade ocorreu na forma de crise ou ataques inesperados que o levaram a fazer interpretações erróneas do local que esta se produziu. Pensemos na pessoa que teve uma crise de ansiedade durante uma viagem de avião e, que a partir daí, mediante uma série raciocínios pessoais com pouca base real, mas carregados de afetividade, chega à «conclusão» de que o seu problema está em não poder entrar num avião porque se vai sentir mal e fazer com que as crises se desencadeiem… E assim, lentamente instala-se a fobia de viajar de avião por se ter elevado o nível de importância do local onde ocorreu a experiência negativa, dando-lhe uma dimensão inadequada e que, a longo prazo, vai conduzir a uma nova doença, a fobia;

d. Em sujeitos introvertidos, escrupulosos, com antecedentes obsessivos na família, costuma ocorrer uma trajetória que vai da angústia à fobia e desta à obsessão; noutras ocasiões, o salto é direto; da ansiedade para a obsessão;

e. Quando a personalidade não é classificada nem como forte nem como fraca e também não há antecedentes fóbico-obsessivos, mas, pelo contrário, o referido sujeito é portador de uma personalidade desequilibrada, desajustada ou, usando termos de psiquiatria americana, tem um transtorno de personalidade, nesses casos a corrente ansiosa vai procurar mecanismos de defesa anómalos, inadequados. Os mais clássicos são o hábito alcoólico que, a longo prazo, conduz a uma dependência importante, e o deslizamento para uma conduta sexual hiperativa e primária; ambos levam a uma degradação da personalidade. Mais modernamente existem três «escapadelas» brilhantes: o haxixe, a cocaína e a droga número um: a heroína; por outro lado, as fugas para a frente, plurais e complexas, cuja fatura vai ao encontro do sujeito no fim do caminho.

 

Duas palavras sobre a ansiedade como fonte de maturidade da personalidade. Falamos da ansiedade positiva.

Aqui, uma experiência dura e negativa como a de se deixar ir ao fundo e viver em e com base na ansiedade, conduz por caminhos paradoxais – as rotas do sofrimento têm sempre ingredientes de amadurecimento pessoal – a um saldo positivo.

https://www.bradescoseguros.com.br/clientes/noticias/noticia/o-lado-bom-da-ansiedade

Rojas, E. (2019). SOS Ansiedade. Lisboa: Cafilesa – Soluções Gráficas, Lda.