O AutoCuidado – Produção de neurotransmissores pela microbiota

O AutoCuidado – Produção de neurotransmissores pela microbiota

Na continuação do tema do mês anterior, transcrevemos agora a explicação sobre a Produção de neurotransmissores pela microbiota inserido no tema  Autocuidado do livro “Não é Loucura, É Ansiedade” da Sophie Seromenho.

 

“Os neurotransmissores utilizados por diferentes bactérias intestinais têm funções importantes. Como exemplos dessas bactérias e respetivas funções temos:

  • Lactobacillus sp. e Bifidobacterium spp., que podem sintetizar ácido gama-aminobutírico (GABA);
  • Escherichia sp., Bacillus sp. ou Saccaromyces spp., que sintetizam a noradrenalina;
  • Streptococcus sp., Escherichia sp. e Enterococcus spp., que podem sintetizar serotonina;
  • Bacillus sp., que sintetizam dopamina;
  • Lactobacillus sp., que, além de sintetizar GABA, também pode sintetizar acetilcolina.

A microbiota intestinal é uma moduladora de cognição e da emoção do seu hospedeiro, neste caso, nós.

No caso do sistema 5-HT (serotonina, o neurotransmissor da «felicidade»), este desempenha um papel essencial nas funções e ações que ocorrem nestes dois órgãos principais (intestino e cérebro). Enquanto a nível cerebral a 5-Hté um neurotransmissor-chave na regulação do humor e da ansiedade, a nível intestinal este neurotransmissor tem sido implicado na hipersensibilidade visceral do trato gastrointestinal, incluindo a motilidade gastrointestinal e as secreções intestinais. Por isso, é que quando estás stressado, sentes um frio na barriga e vontade de ir à casa de banho.

Com o excesso de stress mental e físico, o descuido com o estilo de vida e uma dieta desequilibrada, os microrganismos do aparelho digestivo ficam afetados e até podem migrar para onde não deviam.

Assim, a microbiota pode modificar-se, permite que entrem demasiadas bactérias más, e em sítios que não deviam, e deixa de oferecer benefícios, como, por exemplo, fabricar menos serotonina, entregar menos nutrientes ao resto do corpo e diminuir a imunidade.

Os níveis de stress aumentam, a inflamação aparece, existe uma sobrecarga das suprarrenais e começamos a trabalhar em modo de sobrevivência. Sentimo-nos doentes e ansiosos. Algo não está nada bem connosco!

https://caminhointegrativo.com.br/2020/10/07/eixo-microbiota-intestino-cerebro-pode-interferir-na-nossa-saude-mental/

Hoje em dia –felizmente! – sabe-se que não é só a genética individual que desempenha um papel importante na determinação da composição da flora intestinal e do microbioma. A ecologia da microbiota intestinal é afetada por muitos fatores, tais como doenças, medicamentos e dieta, sendo a última o principal contribuinte para a diversidade bacteriana.

Assim, a alimentação através de uma dieta desequilibrada parece ser um canal externo à genética que é fundamental na diminuição das bactérias más e na nutrição das bactérias boas. Desta forma, mudar a dieta induz a alteração ou diminuição dos neurotransmissores, causando assim um stress alimentar. O intestino fica menos vulnerável, mais fortalecido o que melhora o nosso sistema imunitário e a nossa saúde mental. Portanto, a ansiedade e a depressão podem ser moduladas de maneira eficiente pela dieta.

Ao providenciar alimentos nutritivos para o nosso corpo, teremos uma microbiota intestinal mais saudável, uma barreira intestinal mais forte, uma inflamação baixa, a produção e recaptação de serotonina adequada asseguradas, o eixo intestino-cérebro a funcionar melhor e, por fim, as nossas emoções poderão ficar mais reguladas.

Assim sendo, vamos analisar que nutrientes são essenciais à nossa saúde física e mental e que alimentos poderemos adicionar de forma a obtermos uma dieta adequada às nossas necessidades microbianas.

 

Como podemos melhorar a nossa microbiota?

Para mudarmos a nossa microbiota intestinal, é necessário começarmos por fornecer ao nosso corpo os nutrientes de que ele necessita para funcionar adequadamente.”

 

Continuaremos na próxima newsletter.