Como anda o teu relógio interno?

Como anda o teu relógio interno?

Sabes o que são ciclos circadianos? Alguma vez pensaste como é que a tua rotina influencia na tua metabolização genética? Usas a luz solar, o que comes ou o que dormes para rentabilizar os ritmos ou pelo contrário estão a prejudicar-te?

São muitos os fatores que impulsionam a nossa vida quotidiana: um horário de trabalho, de refeições, uma hora para fazer exercício físico, uma rotina, etc. Além disso tudo é influenciado por fatores externos.

Os ritmos circadianos estão relacionados com a regulação da temperatura corporal, a frequência cardíaca, a produção de hormonas e a excreção de eletrólitos. Estes ritmos instauram-se e modificam-se no organismo por diferentes estímulos, cientificamente reconhecidos como “Zeitgebers” ou ritmos exógenos (externos), entre os quais se encontram:

  • A presença ou ausência de luz;
  • O horário das refeições;
  • A atividade física;
  • O relógio;
  • O horário do sono.

Mas o que são os ritmos circadianos?

A ciência que estuda a estruturação dos ciclos biológicos e as suas manifestações sobre a vida é a chamada Cronobiologia. Para que todos percebamos o que é um ritmo biológico poderia definir-se como uma sucessão de eventos que numa situação estável se repetem num mesmo tempo, ordem e intervalo.

No caso do corpo humano sucedem uma série de ritmos que denominamos como ritmos endógenos, internos e que têm uma periodicidade variável. Pelo que em função do espaço de tempo que ocupam, os podemos dividir em:

  • Ritmos circadianos: têm um período compreendido entre 20 e 28 horas;
  • Ritmos infradianos: ocupam um período de 20 horas;
  • Ritmos ultradianos: têm um período de mais de 28 horas.

Estes ritmos endógenos são também influenciados pelos exógenos ou externos, entre os quais provavelmente a luz solar será a mais importante, já que costuma relacionar-se com o comportamento humano, daí que a nossa atividade máxima se desenrole durante o dia, quando há mais temperatura e luz.

Estes fatores exógenos são capazes de interrelacionar-se com os ritmos fisiológicos e modulá-los, mas não são capazes de os condicionar completamente.

https://thesouthasiantimes.info/reconnection-with-zeitgebers-organoleptics-and-sanatana-2/

No entanto, os fatores endógenos (o nosso “relógio biológico”) é que determinam os ritmos fisiológicos:

A temperatura do corpo:

A nossa temperatura corporal aumenta depois do despertar e alcança o seu máximo às 18 horas, para ir descendo até às 4 da madrugada, hora de inflexão máxima. A maior influência externa que atua sobre a temperatura é o sono e o exercício físico.

A frequência cardíaca, a pressão arterial e a frequência respiratória:

A frequência cardíaca oscila durante o dia com um máximo às 15 horas, existindo uma amplitude de variação entre os 5 e 15%. Outros parâmetros da função cardíaca estão influenciados por fatores externos como a postura anatómica, o sono, a dieta e a atividade física.

A pressão arterial está estreitamente relacionada com o ritmo circadiano. Depois da refeição a meio do dia produz-se uma queda de pressão arterial, seguida de um pico à tarde.

Vários indicadores da frequência cardíaca variam ao longo do dia e alcançam o seu máximo entre as 3 e 8 horas. Este ritmo pode ser ampliado nas pessoas asmáticas (costumam fazer crises à noite ou na primeira hora da manhã), por isso se recomenda aos desportistas asmáticos que não se exponham a treinos intensos no início da manhã.

Função gástrica e urinária:

Os ritmos circadianos estão associados à função gástrica, uma vez que a velocidade do esvaziamento gástrico da comida é 50% maior na refeição da manhã (8horas) que na da tarde (20 horas). A função urinária alcança um pico de eletrólitos à tarde (16 horas).

Ritmo do estado de humor subjetivo e secreção hormonal:

Tanto o cortisol como a hormona do crescimento apresentam picos à noite durante o sono. Ambas são influenciadas pela qualidade do sono e este por sua vez pelo exercício físico. Os estudos relacionados com este tema parecem demonstrar que o estado de vigia e o estado de bom humor se produzem ao despertar.

O estado de bom humor e de excitação é importante para o rendimento desportivo e para a predisposição para realizar uma atividade física (López, 2016).